quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ninguém se agüentaria!

Se alguém me perguntasse, responderia com toda a certeza do mundo: Ninguém se agüentaria! A bíblia, os pais e amigos próximos nos aconselham dizendo: “não julgue ninguém”, “não julgue para não ser julgado”! Isso é praticamente impossível. Podemos contar nos dedos quem não comete tal erro. Julgar é extremamente comum não pela dificuldade de não fazer um julgamento, mas porque nos recusamos a fazer a auto-avaliação. Ninguém gosta de fazer a auto-avaliação!
É um trabalho chato. Abrimos nosso próprio corpo. Olhamos, reviramos cada tecido com bastante cuidado. Mas a que se deve esse cuidado? Vontade de encontrar e diagnosticar os próprios erros ou esconde-los de nós mesmos? Não se tem pressa. Mas a pressa não existe para podermos encontrar todos os defeitos ou para não acharmos todos esses defeitos.
Ficamos trancados em nossos quartos, chateados com o que acabou de acontecer. Briga no trabalho, na faculdade, com a namorada, com o marido ou com um amigo de longa data? Tanto faz. Perguntamos para nosso coração, mas existe um problema: ele possui dois lados. Um diz que você está certo; o outro diz que você está errado. Qual deles devemos escutar? Aquele que nos puxa a orelha querendo a nossa evolução ou aquele que diz que estamos certo apenas para massagear o ego? Situação difícil porque somos orgulhosos, porque nunca aceitamos que estamos errados.
Já que estamos certo, o outro é quem está errado. Começamos a achar milhões de defeitos e antagonismos nos nossos semelhantes. São chatos, ambiciosos, preocupam-se demasiadamente, fazem tempestade em copo d’água, não conhecem absolutamente nada sobre a vida. O outro sempre está errado, nunca erramos. Não estamos no centro do universo, mas o mundo é incapaz de nos compreender.
Esquecemos de algo fundamental quando julgamos nossos semelhantes: eles são nossos semelhantes! Pensam como nós, agem como nós, dão risadas, cometem erros e envelhecem como nós. Estamos julgando nós mesmos, mas de um jeito diferente. Não suportamos olhar no espelho, mas criticamos sem nenhum pudor os outros que, na verdade, somos nós.
Fazemos isso por uma simples razão: Ninguém se agüentaria! O mundo entraria em colapso e genocídios estampariam manchetes de jornais. Ninguém gosta de descobrir que está errado, ninguém gosta de colocar sobre a mesa todos os seus erros. Mas desfrutamos de um sabor inexplicável ao julgar os outros.
Seria tão bom se ninguém se agüentasse, mas parece ser algo impossível.

Gabriel Medeiros.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A arte de peidar

Peidar. Não sei como e onde o verbo surgiu, mas com certeza existe há muito tempo. China imperial, apogeu Romano ou Atenas de Sócrates? Infelizmente, essa é uma pergunta para a qual não tenho resposta. O peido sempre existiu, é algo natural da condição humana. Não se pode se livrar de um peido. Se os seres humanos adotam os cachorros, o peido assemelha-se aos gatos, ou seja, eles nos escolhem. Aliás, acho que os peidos não nos escolhem. Surgem com a gente no momento do nascimento e vão se adaptando de acordo com a construção, evolução de nossa personalidade. Ao longo da vida, podemos nos enquadrar, devido nossos peidos, em vários perfis de peidantes.
O sujeito quando é extrovertido, brincalhão e que fala no último volume, nunca tem o peido discreto. É barulhento, arrasa quarteirão, um excêntrico de carteirinha. É o peido que faz o famoso tipo “olhem para mim”. Não aceita ser mais um na multidão que constantemente passa despercebido. Precisa ser notado, custe o que custar. 15 minutos ou 15 segundos? Não faz diferença, porque fama sempre é bom. Aparecer é o primeiro requisito.
Quando o cara é baixinho, magrelo e introvertido, cuidado. Muito cuidado mesmo. Nos menores frascos, ou melhor, nos menores corpos, encontramos os piores peidos. Não fazem barulho algum, saem à francesa. Se tivesse que compará-los a um animal, diria que eles são como os tigres. Caminham lentamente, sem fazer barulho e, quando percebemos, surgem da “caverna” atacando os inofensivos que estão por perto. São letais. O que sai mais prejudicado com a história do “peido tigre” é o gordinho da turma. Aliás, aproveito o espaço para fazer um protesto: Por que os gordinhos são sempre apontados como os responsáveis pela emissão de metano? Isso acontece em todos os lugares com gordinhos de todas as idades. Gordinho também peida, disso não tenho dúvidas, mas os magrelos são os piores.
Gente rica também peida, meu povo. Mas o peido de gente rica não tem graça, porque o rico é meio fresco quando o assunto é peidar. Não peida na frente da turma, precisa ir ao toalete. Chega lá, onde não tem ninguém, ao não ser o seu próprio reflexo no espelho, e fica com vergonha de peidar. Para que isso? Solta, libera o flato de uma vez. É tanta frescura para nada, porque peido de rico não fede. É só alarme falso. Como já disse, o peido retrata a personalidade do indivíduo. Assim, o rico fresco, solta um peido fresco, estilo Cristiano Ronaldo. Precisa de um lugar só para ele, para, muitas vezes, não fazer nada.
Mas o que mais me deixa impressionado é o peido de quem tem o dom para peidar. É o chamado “peido coringa”. É um cameleão, muda sempre, se adapta a qualquer situação. Quando o dono de um peido coringa está em uma feijoada com pagode no último volume, resolve fazer parte do grupo musical e solta o peido “booom”, semelhante ao surdo utilizado por bandas de samba. Se ele está em um evento apenas com pessoas ricas, numa Daslu da vida, solta o peido fresco do rico, sempre, é claro, no toalete. Quando o ambiente é novo e totalmente desconhecido, solta o peido do introvertido. Assim, ele deixa o seguinte recado: “se mexer comigo, solto mais”. É o crime prefeito.
E você, meu caro produtor de metano, se enquadra em qual tipo de peidante? Não precisa falar, pois quando eu te conhecer, vou saber de cara. Não adianta tentar fingir, porque uma hora ou outra, a verdade sai, ou melhor, o peido sai.

Gabriel Medeiros.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Adolescentes: Pulso firme e nada de eufemismo.

Adolescentes... Ô raça terrível. Muito pior que uma torcida organizada de um time que você detesta. Estão em todos continentes, países e cidades. Proliferam-se, aumentam a cada ano, renovam a safra e desafiam todos que aparecem. Para lidar com essa fúria juvenil, só com pulso firme e nada de eufemismo.
Vou citar um exemplo bastante comum. Trata-se da relação entre pai e filha. A menina, que acaba de completar 13 anos de idade, foi convidada para uma festa que será sábado à noite. É uma festa feita por seus colegas de turma. Todos se conhecem, já possuem certa experiência com bebidas alcoólicas e os hormônios não conseguem se controlam dentro dos corpos. Chamar a atenção é a única forma de ser popular e não ficar no anonimato. A garota de 13 anos não quer ficar para trás. Pede dinheiro emprestado ao pai para comprar um livro de biologia que é muito caro, mas, na verdade, usa o dinheiro para comprar roupas e maquiagem. Se a filha é malandra, o pai é trouxa. Que garota com 13 anos pede dinheiro para comprar um livro de biologia? Nem em filme existe algo desse tipo! A garota se produz, e no momento em que está saindo de casa vê o pai sentado no sofá lendo um livro. Diz um “tchau pai” torcendo para que ele não a veja, mas isso é impossível. Ele vira para a filha e pergunta:
- Aonde você vai?
- Para a festa da turma, não é pai.
- Festa da turma? Quem vai estar lá?
- A minha turma. Poxa, pra que ficar fazendo essas perguntas idiotas?
- Minha filha, eu sou seu progenitor. Faço essas perguntas por que amo muito você e fico bastante preocupado. Lembre-se que o seu pai sempre quer o melhor para você.
- Tá bom – diz a filha irritada – vai querer continuar o interrogatório?
- Você vai com quem? – pergunta o pai com tristeza, pela reação da filha.
- A mãe da Cláudia vai levar a gente.
- A alcoólatra?
- Quem nunca ficou porre na vida, pai?
- Sei... Vai vestida assim?
- Assim como?
- Com essa roupa. Não acha que ela está muito chamativa? E a maquiagem? Nunca vi você pintada desse jeito.
- Pai, essa é a última moda lançada pela Rihanna e todo mundo adora, especialmente os meninos.
- Você volta a que horas?
- Olha só, eu não sou mais uma garota de 12 anos. Já tenho 13, ta bom?
- Só estou perguntando isso por que fico preocupado. A criminalidade tem aumentado muito nesses tempos, especialmente à noite.
- Que seja – diz a filha – fui.
A filha adolescente só agiu dessa forma porque percebeu que o pai não teve pulso firme. É tudo que essa raça deseja para dominar o mundo. O pai, nunca esperava uma reação daquelas. Mas se o pai tivesse reagido com pulso firme e sem a famosa política da boa vizinhança, característica do eufemismo, a situação seria totalmente diferente. Veja:
- Pra onde é que tu tá indo? – pergunta o pai sem tirar os olhos do livro.
- Para a festa da turma, não é pai?
- Não é pai? Quem foi que te ensinou a falar desse jeito, moleca?
- Ai pai, desculpa então.
- Sei... Quem vai estar lá?
- A minha turma, lógico. Não sei como alguém consegue fazer tantas perguntas idiotas.
- Olha aqui sua malcriada, eu vou ser curto e grosso. Eu sou teu pai e estou, com razão, preocupado. Se você fica chateada com isso, problema seu.
- Desculpa – diz a filha sem jeito e já sabendo que andou fazendo merda – é por que você parece que está me interrogando.
- Te prepara que interrogatório ainda está no início. Tu vai com quem?
- Com a mãe da Cláudia.
- Aquela alcoólatra? Mas nem pelo cacete que tu vai entrar no carro daquela mulher. Você vai de táxi, mesmo eu tendo que desembolsar alguma coisa. É um mal necessário.
- Quem nunca ficou porre, pai? Até mesmo você.
- Garota, o passado do teu pai só pertence a ele. Nem sonha em meter a mão e ficar revirando.
- Está certo, eu errei.
- Vai vestida assim?
- Assim como?
- Desse jeito.
- Pai – diz a filha com ar de irritação – essa é a última moda da Rihanna, sem contar que os meninos adoram.
- Devem gostar mesmo, porque, para mim, isso é coisa de piranha.
- Que isso, pai?
- Como que isso, pai? Roupa vulgar mais maquiagem pesada é piranha. Se colocar um chiclete e mascar de boca aberta vai virar piranha classe A+. Volta pro teu quarto, tira essa maquiagem ridícula e coloca uma roupa descente.
A filha troca de roupa e volta para falar com o pai. Ele diz:
- Pelo menos agora parece gente. Você vai voltar que horas?
- Acho que lá pelas três.
- Meia noite – diz o pai de forma categórica.
- Mas já são nove e...
- Teu tempo está correndo, é melhor sair agora. Fui claro?
- Foi – diz a filha com tristeza.
Para combater adolescente, só dessa forma. Caso contrário, eles vão dominar o mundo!

Gabriel Medeiros.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Homem grosso x Metrossexual

Hoje em dia não existe meio termo: ou o sujeito é metrossexual ou é grosso. Descubra qual seu perfil através de quatro situações-testes. Dependendo do resultado, mude de perfil. Vai ser melhor pra você.
Vamos começar pela bebida. Enquanto o metrossexual prefere alguns drinks preparados por barman de alguma boate da moda, o homem grosso toma cerveja, gelada ou quente, debaixo de sol de 40 graus. Para ele, não tem frescura. Se tiver álcool, bebe até perfume. Mas nada substitui a loira gelada que ele descobriu junto com os amigos durante a adolescência. Mas como saber se o homem é grosso ou metrossexual quando ele não bebe? Simples. Descobrimos pela resposta. Quando responde: “não bebo porque posso engordar, perdendo, assim, meses de academia, sem contar que tenho medo de vomitar”. Falou isso, é metrossexual na certa. Afinal, onde já se viu um homem respondendo isso! Agora veja a diferença de resposta de um homem grosso: “Meu irmão, não bebo porque não quero. E se eu tivesse vontade de beber, não teria álcool no sangue, mas sim sangue no álcool”. Mais grosso que isso não existe.
Coceira nos países baixos, se é que você me entende. Meio chato, não é? Para o metrossexual, sim. Para o homem grosso, mais um pequeno obstáculo do cotidiano. O sujeito educadinho, o metrossexual para ser mais exato, não usa as mãos. Movimenta as pernas de maneira estranha, como se estivesse com vontade de dar uma mijada. Perna para frente, perna para trás e a coceira não passa. O homem grosso faz jus ao nome. Coça sem nenhum pudor, esteja onde estiver. Mão por fora ou por dentro da calça, fazendo ou não fazendo barulho. E para aqueles que olham com cara de espanto, retruca: Qual foi? Nunca coçou o saco?
Podemos enxergar uma diferença gritante entre os dois perfis quando o homem está gripado. Mas não se trata de uma gripe levinha, não. Estou falando de uma gripe forte, daquelas que o peito fica cheio de catarro e a tosse pode ser escutada a metros de distância. Eis o cenário: o sujeito está dirigindo seu carro e sente um incômodo em sua garganta, sentido que aquele é o melhor momento para expulsar, de seu corpo, o pequeno e gosmento corpo amarelo. Enquanto o metrossexual faz cara de nojo, não fala com ninguém e tenta desesperadamente encontrar um banheiro, o homem grosso abaixa o vidro do carro e dispara a generosa cusparada no rumo da venta, independente do que está na frente. E se alguém o repreende dizendo: “como que você pôde cuspir no chão?” Ele responde: “estou devolvendo para a natureza. Nada se perde e nada se cria, ou seja, tudo se transforma.”
O último teste chama-se teste do espelho grande. Além de ser o mais antigo, é considerado infalível. Você precisa de espelho grande para saber se o sujeito é um homem grosso ou metrossexual. O espelho deve ficar um local que permita uma caminhada, mesmo que seja mínima. O metrossexual anda para frente e para trás. Não pára. Faz caras e bocas. O bom gosto não existe, o que importa é estar na moda, por mais chocante que possa parecer. Arruma o cabelo com as mãos inúmeras vezes, pois nunca fica contente. O homem grosso é totalmente diferente. Escolhe roupas largas porque não gosta que nada fique apertando. confere-se no espelho apenas para certificar se não está um verdadeiro comédia. Não está preocupado em aparecer com roupas chamativas, pois, para ele, que tem que aparecer é outdoor. Creminho no rosto? A única preocupação dele é não sair com um trapezista no nariz, entende?
Estes foram testes básicos, elaborados após muita observação. Teste e comprove.

Gabriel Medeiros.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Totalmente sem noção

Antes de começar, gostaria de fazer um pequeno esclarecimento: quem vos escreve é meu lado sem noção. Totalmente sem noção, por sinal! Existe uma frase do meu pai que ele costumava repetir para mim quando eu era criança. Esta frase só era utilizada quando algo dava errado ou quando eu fazia alguma besteira, mas besteira das grandes, coisa de profissional, nada de amador. Eis a frase: “Não se esqueça de olhar o lado bom das coisas ruins.” Muitas vezes fiz isso, mas muitas vezes deixei de fazer. O fato é que anos depois de ter escutado a frase pela primeira vez, resolvi fazer uma reflexão e aplicá-la a momentos difíceis de nossas vidas. Acredito que se olharmos alguns momentos de nossas vidas com os olhos de um sem noção, ela se tornará menos estressante e mais divertida. Vamos começar!
Ficar doente é horrível! Não importa da doença ou mal estar temporário que estamos falando, sempre será horrível. Se existe alguém nesse mundo que sinta prazer em ficar doente, esse alguém com certeza não é normal. Dor de é cabeça é terrível, dor no corpo é horrível e dor de barriga é uma merda. Mas se existe um lado bom em tudo, onde está o lado bom de ficar doente? Em muitos pontos. As pessoas ficam mais tolerantes, pois sabem que você não está passando bem. Aí, meu amigo, é deitar e rolar. Pode deixar sapato jogado para um lado, par de meias para outro, camisa em cima do computador e calça jeans pendurada na poltrona. Você está protegido! Se por um lado a doença prejudica seu sistema imunológico, por outro, cria um círculo de proteção impenetrável. Nenhuma bronca irá atingi-lo. É claro que você não pode deixar de fazer certas manutenções periódicas, do tipo: passar um tempo na cama soltando gemidos para que os outros percebam, mas sem que eles saibam que foi de propósito e nada verdadeiro. Meus amigos, eu garanto que dá certo. Sabe aquela torta que você adora? Será feita em tempo recorde. Vão te deixar assistir ao seu programa preferido na TV e nem vão discutir. Podemos faltar à aula mais chata do colégio sem ficar com peso na consciência. Por isso eu digo: temos que saber olhar o lado bom de ficar doente. Podemos tirar grandes ensinamentos de situações como essa.
Ficar para recuperação no colégio! Em um primeiro momento pensamos: “Putz, que merda!” Que nada, relaxe e veja o lado bom da recuperação. Geralmente, quando estamos no colégio, estudamos, em média, oito meses. Isso é muito tempo. Quem já esteve lá sabe como é chato. Tudo bem que todos os anos revemos os amigos, conhecemos novas pessoas, mas existem uns professores e umas atividades que não servem para nada. Até hoje procuro achar uma serventia para muitas coisas que fiz nesse período, mas não tem jeito. Aí, durante os oito meses, acordamos cedo, estudamos uma porrada de coisas, suportamos professores que não suportam a gente e muito mais. Nessa hora eu pergunto: para que sofrendo durante oito meses nessa tortura? Para nada! Acorde tarde, jogue bolinhas de papel, converse, dê muitas risadas e não se preocupe com as provas. Fazendo isso, é só esperar pela salvação na recuperação. Veja como é vantajoso: você começa a freqüentar a escola no início do ano, curte muito, vai para as férias do meio do ano, curte mais ainda e volta com todo o gás. Curte a segunda metade do ano a valer e espera pela recuperação. Nela, você só precisa ir para a aula durante uma semana, verificar qual o assunto da prova e estudar somente aquilo que vai cair. Pronto! A prova é sempre fácil e matéria nunca é a de todo o ano letivo. Não tem como dar errado. Agora tem uma coisa, meu filho: Tu tens que se garantir e passar na recuperação. Lembre-se do ditado: “passarinho que come pedra sabe o cu que tem.” Tem que ser moleque doido pra poder passar na recuperação, caso contrario...
Ficar tomando conta dos primos mais novos é um lance muito bom. Poderia dizer que é fantástico. Você poderá moldá-los e assim ter seu próprio e fiel exército. Mas certos procedimentos devem ser rigorosamente obedecidos! Preste bastante atenção! Quando você souber que será o encarregado pelo cuidado dos seus primos, independente do que estiver sentindo, não mostre suas reações, estando contente ou puto da vida. Dida algo do tipo: “Sério? Agradeço a confiança que vocês depositam em mim. Podem ficar tranqüilos que cuidarei muito bem deles.” Meu velho, se você disser isso, já vai sair na frente. Todos vão dizer: é uma ótima pessoa, um ser humano incrível! É nessa hora que você vai ganhar passe livre para fazer o que bem entender. Caso você tenha conquistado os seus primos previamente, já é meio caminho andado. Caso contrário, terá que incorporar o Bozo e fazer algumas graças. Por mais estúpidas que elas possam parecer, faça o que for necessário para arrancar algumas gargalhadas. Seus primos mais novos irão te olhar de uma maneira diferente, como nenhuma outra pessoa no mundo te olhou antes. Eles vão te venerar, vão te escolher como símbolo a ser seguido, como alguém que querem ser no futuro.
Mandá-los até a cozinha para buscar uma Coca Cola gelada e um bom pedaço de bolo de chocolate, é sacanagem. Faça o contrário, seja o primo legal. Garanto que, fazendo isso, eles serão fieis a você, nunca te abandonando e sempre guardando qualquer tipo de segredo. Você e seus primos serão como uma irmandade, uma sociedade secreta, e você poderá se empossar como Grão-Mestre, o mais alto cargo. Conquistados os primos, é hora de trabalhá-los.
Sabe da história de usar o feitiço contra o feiticeiro? É hora de sair da teoria e colocá-la em prática. Quando os tios são chatos, não tenha pena! Ensine tudo o que os filhos deles podem usar para perturbá-los. Tudo mesmo! Falar as vogais ao mesmo tempo em que se arrota; como se consegue um peido mais fedorento; ensine-os a passar a mão cheia de gordura por causa de salgadinhos em controles remotos; músicas com letras de duplo sentido; novos desenhos que serão eternizados nas paredes dos quartos e muito mais.
Essas são algumas situações que, em um primeiro momento, podem parecer uma furada, mas não são. Basta olharmos por um ponto de vista totalmente sem noção. Aproveitem e olhem a vida de outra forma.

Gabriel Medeiros.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Apoio materno

O garoto chega animado em casa e decide contar uma grande novidade para sua mãe, que sempre o apoiou em tudo:
- Mãe, tenho uma coisa super legal para te contar.
- O que foi? – pergunta com curiosidade e animação.
- Acho que encontrei uma atividade física que gosto. Você não vivia dizendo que eu era um sedentário e que precisava arrumar alguma coisa para fazer?
- Claro!
- Pois é, encontrei a atividade física. A partir de hoje vou me dedicar ao Muay Thai.
- O quê? – pergunta (a mãe) sem saber do que se trata.
- Muay Thai, mãe. Sabe aquela modalidade que vem da Tailândia?
- E que modalidade é essa que foi inventada no interior do Pará?
- Não, mãe. Não estou falando do interior do Pará. Estou falando do país asiático. Entendeu?
- Agora sim. Mas o que é isso, meu filho? Nova modalidade de atletismo? Provas de natação para longas distâncias? É melhor que seja alguma coisa do tipo, porque se não for...
- Qual seria o problema?
- Não vou aprovar. Nunca vou aprovar um esporte aloprado, nunca. Mas você ainda não me explicou o que é esse tal de... Como é mesmo?
- Muay Thai.
- Isso. Me explica de um vez do que se trata!
- Pois é...
- Não gosto quando você começa com esse “pois é”. Anda, desembucha.
- Então...
- Piorou. Agora eu sei que não vem coisa boa daí.
- Veja bem...
- Nossa, veja bem é...
- Pelo amor de Deus! Me deixa falar. – disse o garoto, já impaciente.
- Ta bom, mas não comece com “pois é”, “então” ou “veja bem”. Por favor.
O garoto respirou fundo, tentando recuperar o fôlego e a paciência, que a cada segundo ficava mais escassa:
- O Muay Thai foi desenvolvido na Tailândia. Pode ser praticado por qualquer pessoa e de qualquer idade. Sem restrições. Ajuda a controlar a mente e, como se trata de uma atividade física, faz bem para manter o corpo em forma.
- Mas isso, esse nome estranho aí que você falou, é algo novo ou velho?
- Pode-se dizer que é velho, eu acho.
- E como que eu ainda não vi nada a respeito?
- Ah, vai ver que a senhora não anda antenada com o mundo do Muay Thai.
- Por acaso está me chamando de lesa, moleque?
- Não, mãe. Longe de mim.
- Sei. Continua sendo pouca informação para mim. Preciso de mais detalhes. Anda, fala logo. Esse troço trabalha que partes do corpo?
- Mãos, cotovelos, antebraços, pés, canelas e joelhos. Basicamente isso.
- Me fala o nome de alguém que pratica isso?
O garoto sabia que sua situação estava ficando cada vez mais difícil. Como esconder que se tratava de uma arte marcial? Ele optou por dizer nomes de lutadores famosos, que começaram no Muay Thai, e que ela, a mãe, com certeza não conhecia:
- Tem o Vanderlei Silva, Anderson Silva, Maurício Shogun, Marco Ruas e mais uma porrada.
Nesse momento, ele pensou: “Graças ao meu bom Deus. Ela caiu, não conhece ninguém”. Mas a conversa tomou um rumo inesperado:
- Me diz uma coisa...
- O quê? – perguntou tranqüilo.
- Não são esses brutamontes que você assisti lutando? Principalmente nos sábados a noite?
- São. Hoje eles estão no vale-tudo, mas começaram no Muay Thai.
- Para mim não faz diferença alguma. É tudo esporte aloprado e eu não concordo.
- Mas por quê?
- Você nasceu perfeito e agora quer se arrebentar em esporte besta?
- Também não é assim. O Muay Thai, bem ensinado, é bem menos perigoso. E quer saber, sempre me garanti quando o assunto era o mano a mano.
- Eu não aceito. Esse negócio é uma estupidez, um absurdo.
- Agora não tem mais jeito. Já estou matriculado e não vou desistir.
- Então não conte comigo para nada. Eu não vou fazer massagem em um dedo seu. Estou avisando que o problema é todo seu.
- Mas você sempre me apoiou. Por que não vai me apoiar dessa vez?
- Porque isso é violência e eu não tolero violência. E sai logo da minha frente senão meto a mão na tua cara!
- Mas isso é tão contraditório!
- Moleque, some daqui. Eu não estou brincando!


Gabriel Medeiros.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Os reflexos da crise mundial

Cinco horas da tarde. Na Praça Batista Campos, localizada no centro da cidade de Belém, um sujeito mal vestido caminha observando as árvores. Grandes árvores, por sinal. Sente o vento batendo no seu rosto e percebe que algumas pessoas estão caminhando, ou melhor, fazendo a atividade física diária. Seu olhar está longe, no pôr-do-sol, procurando a saída para um problema que está vivendo. Esse problema é a crise mundial. Foi a responsável pela sua demissão. Um excelente funcionário, com mais de 22 anos de empresa, agora andava lentamente pela praça. Não tinha o que fazer. Muitos o rotulavam de vagabundo.
Um outro sujeito também caminha. Comparando com o primeiro, podemos dizer que está mais bem vestido. Nada de terno e gravata, mas um sujeito bem mais apresentável. Camisa com manga impecavelmente passada, bermuda jeans ainda com perfume do amaciante, uma sandália de dedo e relógio de pulso. Nos pés, sandália que não era cara nem barata. Ele parecia estar mais preso á realidade. Seu olhar não tinha aquele desespero que podíamos observar no homem mal vestido. O que podemos ver em seu olhar é uma raiva, a fúria de alguém que procura, mas não acha o que deseja.
Os dois se encontram. Não por acaso, mas por iniciativa do homem que estava bem vestido. Assim, começaram a seguinte conversa:
- Boa tarde, como vai? – disse o homem bem vestido.
- O que? – perguntou o sujeito mal vestido e sem saber do se tratava.
- Estou querendo saber como está você?
- Por quê?
- Apenas por curiosidade.
- Por que esse interesse na minha vida?
- Sei lá, você parece estar desesperado. Se eu estiver correto, talvez possa ajudar.
- Realmente minha vida não está nada fácil. – disse o homem mal vestido que esboçava poucas lágrimas.
- Fique calmo. Tudo pode melhorar. Me diga qual é o seu nome. – em tom cordial, disse o sujeito bem vestido.
- Meu nome é Carlos. Desculpe pelo choro, mas é por que a situação anda difícil. E por falar em nome, qual é o seu?
- Meu nome é Antônio. Me diga qual o seu problema.
Antônio acompanhou Carlos até um banco da praça, onde os dois sentaram.
CARLOS: Perdi o emprego. Poxa, eu era um funcionário com 22 anos de empresa. Se sempre trabalhei com seriedade e eficiência, porque fui demitido? Por quê?
ANTONIO: Realmente é difícil de entender. Essa crise está ferrando todo mundo. Mas a situação vai mudar.
CARLOS: Mas quando? Eu só vejo notícia ruim. Ninguém sabe quando essa crise vai acabar.
ANTONIO: Vai melhorar, só não sei quando. E posso garantir que não é hoje.
CARLOS: E porque não seria hoje?
ANTONIO: Porque isso aqui é um assalto!
CARLOS: Eu também acho que a crise financeira mundial é como um assalto. Ela chega quando você menos espera e te ferra.
ANTONIO: Você está achando que eu sou palhaço.
CARLOS: Não, apenas concordo com sua comparação.
ANTONIO: Aqui não tem nenhuma comparação. Isso é um assalto mesmo. Não tente reagir. Qualquer movimento que fizer, eu te mato. Mato mesmo, na frente de todo mundo e sem pena.
CARLOS: Antonio, o que é isso? Você não iria me ajudar?
ANTONIO: Mas você é muito burro. Que assaltante daria seu nome de batismo? Seria muito fácil de localizar. E quem iria ajudar um homem mal vestido como você?
CARLOS: Pelo amor de Deus, não faça nada de mau comigo. Eu sei que eu estou ferrado, mas não piore minha situação.
ANTONIO: Eu não quero fazer nada de mau. Só quero que você passe tudo o que tem. Não demora e deixa de frescura.
CARLOS: Mas eu não tenho nada. O que você quer?
ANTONIO: Passa qualquer coisa.
CARLOS: Eu sou vítima da crise, não tenho nada.
ANTONIO: Nada?
CARLOS: Nada.
ANTONIO: Nada? Absolutamente nada?
CARLOS: Nada, porra! Será que além de burro é surdo?
ANTONIO: Me respeita. O assaltante sou eu e quem pode mandar aqui também sou eu.
CARLOS: Está bem. Erro meu. Foi mal.
ANTONIO: Mas nada? Carlos, você não tem nada?
CARLOS: Eu já falei, não tenho nada. Estou desempregado, na maior pindaíba. Estou quebrado.
ANTONIO: Quanto?
CARLOS: Cem por cento.
ANTONIO: Celular?
CARLOS: Tive que vender para comprar café para minha família.
ANTONIO: Relógio?
CARLOS: Já perdi noção do tempo e nem lembro quando foi.
ANTONIO: Jóias?
CARLOS: O único brilho que eu vejo vem das latinhas que coleto para vender. Apostei no ramo da reciclagem, mesmo parado.
ANTONIO: Algum dinheiro! Pelo menos isso você tem e pode me passar.
CARLOS: Não estaria assim se tivesse algum.
ANTONIO: Mas que merda. Não é possível. Como que alguém não tem nada?
CARLOS: É a crise. Culpa ela.
ANTONIO: Rapaz, essa crise ferra todo mundo. Acredita que meu rendimento diminuiu?
CARLOS: Sério?
ANTONIO: Nunca falei tão sério em toda minha vida. Essa crise afeta os dois lados, assaltantes e vítimas. Os dois lados devem sair favorecidos. Se a vítima não tem nada, o que vamos roubar? Essa crise deve acabar!
CARLOS: Também acho.
ANTONIO: Quanto mais trabalho, mais renda. Melhores celulares, jóias, roupas, carros, relógios e tênis. E o que isso quer dizer? Melhores coisas para roubarmos. ABAIXO A CRISE!
CARLOS: É... Faz sentido. Agora, posso ir? – perguntou desconfiado.
ANTONIO: Pode.
CARLOS: Não vai querer nada.
ANTONIO: Querer o que? Você não tem nada. Ah, e mais uma coisa...
CARLOS: O que?
ANTONIO: Aproveita e leva meu celular, relógio, sandália e cem reais. Toma. Vai embora.
CARLOS: Tem certeza?
ANTONIO: Tenho uma coleção de todos esses itens lá em casa. Não vai fazer falta. Ficar do seu lado me deixa deprimido. Vai embora, por favor.
CARLOS: Ok, não precisa humilhar.
ANTONIO: Pior do que você está não dá para ficar.
CARLOS: Não precisa humilhar.
ANTONIO: Vai.
CARLOS: Valeu.
ANTONIO: Crise safada! Ferrando todo mundo. Mas será possível, rapaz?


Gabriel Medeiros.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Se eu fosse Pedro Bial...

Pedro Bial é um intelectual brasileiro. Seus textos são de indiscutível qualidade, do tipo bem cabeça. Você já deve ter escutado a narração de Pedro Bial para o texto Filtro Solar. O texto, não é de autoria dele, mas da jornalista Mary Schmich, do jornal norte-americano Chicago Tribune. Bial apenas narrou o texto em sua versão portuguesa. Mas foi algo tão bem feito que pareceu ser um legítimo Pedro Bial. Estou falando do texto. Filtro Solar, ou Sunscreen (título original), me faz lembrar as crônicas que Pedro Bial escrevia durante a Copa do Mundo. Após os jogos da seleção brasileira, ele sempre nos presenteava com uma crônica “cabeça”. Confesso, que, do texto, só conseguia entender os nomes dos jogadores.
Assim, resolvi escrever o texto Caminhe. Uma homenagem que faço ao jornalista. Tentei ser “cabeça”, mas não sei se consegui. Confira o texto Caminhe, de Gabriel Medeiros.
Caminhe

Caminhe o quanto quiser, mas não caminhe do jeito que quiser. Olhe para frente, siga em linha reta. Aliás, não siga em linha reta. Procure conhecer o ziguezague, pois são raros os momentos em que ele aparece. Mas preocupe-se em andar para frente, nunca para trás. Para trás, só vale a pena olhar. Olhe exaustivamente seus erros e aprenda exaustivamente com eles. Os erros passados são os combustíveis de nossa atual caminhada. Os nossos erros atuais são os combustíveis que iremos usar em um futuro próximo. Não tenha medo. Erre! Abasteça-se do nobre combustível.
Se caminhar no escuro é difícil, difícil mesmo é caminhar no claro. Quando não se enxerga um palmo a frente, é comum se levantar para tentar encontrar a luz. Quando temos a luz ao nosso redor, tudo está claro, quando enxergamos perfeitamente, tendemos ao comodismo, a não querer caminhar. De vez em quando, procure desligar as luzes. Brinque de caminhar no escuro, e, dessa forma, você estará caminhando. Não dê ouvidos aos tolos, aos velhos de espírito. Brinque o tempo todo. Veja graça em qualquer coisa. Brinque de caminhar no escuro. É mais divertido e ajuda a amadurecer.
Para caminhar não é necessário um belo e caro tênis de caminhada. Para caminhar não é necessário um sapato bem engraxado. Para caminhar não é necessário chinelos de dedo acostumados com longas distâncias. Apenas a sua consciência é necessária. É ela quem determina quantos metros ou quilômetros que você vai andar. É ela quem determina se você permanecerá eternamente no mesmo lugar. A consciência deixa para trás tênis caros, sapatos engraxados, chinelos rodados e até mesmo limitações físicas. Quem nunca pensou da seguinte forma: como alguém com deficiência física consegue ser tão inteligente? Como alguém que não enxerga e passa o dia em uma cama pode ser tão sábio? Muito simples. Essas pessoas não precisam de sapatos confortáveis para percorrer grandes distancias, precisam apenas de suas mentes. Decidiram não se abater, enfrentar o mundo, percorrer distâncias inimagináveis. Decidiram caminhar na escuridão. Algumas escuridões são passageiras e podem ser resolvidas por técnicos. Outras são eternas, acompanhando, para sempre, pobres seres humanos desafortunados. Ou seriam afortunados? Teriam todos eles caminhados distâncias tão longas se não tivessem o contato com a escuridão?
Caminhar é preciso! Seja no claro, seja na escuridão. Caminhar é preciso! Não tenha medo dos ziguezagues, dos obstáculos. Não se esqueça de errar! O erro é um combustível precioso. Caminhe no claro, caminhe no escuro. Procure evoluir. Caminhe!
Gabriel Medeiros.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Uma nova loteria vem aí!!!


Vem aí uma nova loteria. Está relacionada ao mundo esportivo, mas não é difícil de apostar. Os resultados saem aos domingos, podendo ser em semanas seguidas, a cada quinze dias ou de acordo com o calendário. Mas que calendário é esse? O calendário do campeonato mundial de Fórmula Um. Mas que loteria é essa? Do que ela trata? Muito simples; ou não, já dizia Cléber Machado. Você deverá acertar qual será a próxima desculpa utilizada por Rubens Barrichello, piloto brasileiro da mais famosa categoria do automobilismo mundial para justificar seu mau desempenho.
Nada funciona para Rubinho. Desde os tempos de Ferrari ele reclamava. Mas reclamava com ou sem razão? Isso dependerá do seu ponto de vista. Todos sabem que Schumacher é um gênio sobre quatro rodas. Gênio que está no time das feras do automobilismo. Era superior, indiscutivelmente, a todos os outros pilotos da categoria. Mas digo da época em que Rubinho estava na Ferrari, até porque Schumacher teve a oportunidade de enfrentar outros gênios do automobilismo. Assim, não seria errado privilegiar o alemão, que posteriormente seria campeão e ajudaria a dar o título de equipes para sua escuderia. Aliás, isso aconteceu inúmeras vezes. Por outro lado, favorecer um e esquecer o outro é errado. Acertar o carro de um e esquecer o carro do outro piloto também é errado. Resumindo: independente do seu ponto de vista sobre o caso “Barrichello na Ferrari”, o fato é que Rubinho reclamava.
Barrichello mudou de equipe, transferindo-se para a Honda. Não teve sucesso durante seus anos na escuderia japonesa. Chegou a ficar uma temporada sem marcar um ponto sequer. A situação estava feia para Rubinho.
Então, 2008 foi um ano que causou espanto em todas as pessoas do Planeta Terra. Tsunami? Meteoros? Epidemias? Não. O problema foi a crise financeira mundial. Milhares de trabalhadores são demitidos diariamente, famílias que passam a ficar se renda e greves de trabalhadores que reivindicam seus direitos. A crise também chegou ao mundo do automobilismo e, com isso, a Honda fecha as portas. Barrichello, o piloto com maior número de grandes prêmios disputados da história, está sem emprego. A imprensa especula sua aposentadoria. Mas, em cima da hora ele consegue um emprego. De piloto? Sim. Não Fórmula Um? Sim. Em uma grande equipe? Também não é assim! Barrichello foi contratado pela Brawn GP, equipe de Ross Brawn, com quem Rubinho trabalhou na época da Ferrari. Não davam nada pela Brawn. Para se ter uma idéia, em seu primeiro treino classificatório para o GP da Austrália, o primeiro do ano, a Brawn GP não tinha patrocinador. Era apenas um carro branco com detalhes em amarelo marca texto. A Brawn surpreendeu a todos e é considerada a grande favorita para faturar o campeonato de 2009. Quatro corridas até agora. E quem é o grande piloto? Jenson Button. Quem? O companheiro de equipe do Rubinho. Button venceu três das quatro provas disputadas. E o Rubinho? Está reclamando. De novo? Acredite se quiser. É isso que ele faz depois de cada corrida. Sempre existe um problema novo ou que insiste em persegui-lo. Ao invés de trabalhar, o que ele faz é reclamar.
Por isso estou dizendo que vem uma nova loteria por aí. É só adivinhar qual será sua próxima justificativa e você pode ficar milionário. O leque de opções é grande, mas só ganha quem arrisca. Apostar na vitória não vale à pena. Quando ela virá eu não sei, mas a próxima desculpa possivelmente será no próximo domingo.
Não deixe de tentar. Aposte e ganhe.

Gabriel Medeiros.

sábado, 25 de abril de 2009

Quero comprar um caiaque

Estou pensando em comprar um caiaque. Não precisa ser novo, não precisa ser o melhor, mas estou pensando em comprar um caiaque. Pode até ser usado, com a pintura descascada, mas preciso comprar o caiaque. Se souber de alguém que está interessado peço que me avise. Mas se você está curioso, não se preocupe, irei lhe contar o motivo do meu interesse.
Está chovendo muito na capital paraense. Os primeiros seis meses do ano são marcados pelas fortes chuvas que ocorrem com maior freqüência no período da tarde. Mas observamos também durante as manhãs, noites ou durante o dia todo. E quando chove durante todo o dia, 24 horas sem parar, surge de bueiros e canais um grande problema da cidade de Belém. Vários pontos ficam alagados impossibilitando o trânsito de pessoas e veículos. Engana-se quem pensa que estamos falando de um palmo e três dedos de altura da água. Vemos pessoas “engolidas” até a linha da cintura, desafiando buracos, canais e doenças que utilizam os alagamentos para encontrarem novos moradores. Problema da administração pública? Sim. Falta de educação por parte de moradores que sujam as ruas sem pensar nas conseqüências? Não tenho dúvida que isso acontece. Mas sou um simples morador da intitulada metrópole da Amazônia, e a cada dia que passa, mais fico descrente do poder de mudança de cada um. Às vezes sinto o comodismo da população que prefere fazer barulho a realmente lutar pelas melhoras que tanto desejam. Se me perguntarem se eu acredito que isso mudará um dia, responderei que não. Há 20 anos a situação era essa e continua sendo. Não adianta fechar os olhos e fingir que o problema não existe. Já dizia o velho e sábio ditado popular: Quem não tem cão, caça com gato. Acho que isso se aplica muito bem no problema do morador da capital paraense, inclusive no meu. Como muitos, tenho minha atividade profissional e preciso me deslocar até lá diariamente. Não fica nem muito longe nem muito perto. Ir andando seria loucura diante do problema da violência. Não tenho carro. O que me resta é o bom e velho coletivo. Mas como ir de ônibus se nem mesmo eles conseguem mais atravessar locais alagados? Não posso ficar ilhado, tenho muitas coisas a fazer. O que me resta, então? O CAIAQUE. Por isso digo que quero comprar um caiaque. Não precisa ser novo, pode ser usado e de preferência com preço acessível. É a única forma de me deslocar e pensando bem, já tenho em casa um colete e remo que não tinham utilidade alguma. Agora vão ter. Não gastarei com passagem de ônibus, muito menos com o preço abusivo da gasolina. Entrarei em forma e os músculos do meu braço ficarão definidos. É um excelente exercício físico. Quem sabe poderei começar no amadorismo e um dia poderei representar meu país nos jogos olímpicos. Já que a administração publica não trabalha pra resolver, poderia, pelo menos, investir na canoagem de rua de Belém. A secretaria de esportes poderia montar percursos em ruas com alto potencial para o esporte, como: Mundurucus, Pariquis, Padre Eutíquio e Roberto Camelier. Se Mônaco possui o circuito de rua mais charmoso do automobilismo mundial, poderemos ter o circuito de canoagem de rua mais charmoso do mundo. Deixo meu recado: quero comprar um caiaque. Se alguém souber de um bom produto com bom preço, me avise. Resumindo, caiaque é: transporte eficiente, saúde, formador de atletas olímpicos e gerador de dinheiro para a cidade no final de semana do Grande Prêmio Belém de Canoagem. Detalhe: a data ainda não foi definida pela secretaria de esportes. Motivo: não se sabe quando teremos uma nova e forte chuva na capital.

Gabriel Medeiros