terça-feira, 13 de outubro de 2009

A arte de peidar

Peidar. Não sei como e onde o verbo surgiu, mas com certeza existe há muito tempo. China imperial, apogeu Romano ou Atenas de Sócrates? Infelizmente, essa é uma pergunta para a qual não tenho resposta. O peido sempre existiu, é algo natural da condição humana. Não se pode se livrar de um peido. Se os seres humanos adotam os cachorros, o peido assemelha-se aos gatos, ou seja, eles nos escolhem. Aliás, acho que os peidos não nos escolhem. Surgem com a gente no momento do nascimento e vão se adaptando de acordo com a construção, evolução de nossa personalidade. Ao longo da vida, podemos nos enquadrar, devido nossos peidos, em vários perfis de peidantes.
O sujeito quando é extrovertido, brincalhão e que fala no último volume, nunca tem o peido discreto. É barulhento, arrasa quarteirão, um excêntrico de carteirinha. É o peido que faz o famoso tipo “olhem para mim”. Não aceita ser mais um na multidão que constantemente passa despercebido. Precisa ser notado, custe o que custar. 15 minutos ou 15 segundos? Não faz diferença, porque fama sempre é bom. Aparecer é o primeiro requisito.
Quando o cara é baixinho, magrelo e introvertido, cuidado. Muito cuidado mesmo. Nos menores frascos, ou melhor, nos menores corpos, encontramos os piores peidos. Não fazem barulho algum, saem à francesa. Se tivesse que compará-los a um animal, diria que eles são como os tigres. Caminham lentamente, sem fazer barulho e, quando percebemos, surgem da “caverna” atacando os inofensivos que estão por perto. São letais. O que sai mais prejudicado com a história do “peido tigre” é o gordinho da turma. Aliás, aproveito o espaço para fazer um protesto: Por que os gordinhos são sempre apontados como os responsáveis pela emissão de metano? Isso acontece em todos os lugares com gordinhos de todas as idades. Gordinho também peida, disso não tenho dúvidas, mas os magrelos são os piores.
Gente rica também peida, meu povo. Mas o peido de gente rica não tem graça, porque o rico é meio fresco quando o assunto é peidar. Não peida na frente da turma, precisa ir ao toalete. Chega lá, onde não tem ninguém, ao não ser o seu próprio reflexo no espelho, e fica com vergonha de peidar. Para que isso? Solta, libera o flato de uma vez. É tanta frescura para nada, porque peido de rico não fede. É só alarme falso. Como já disse, o peido retrata a personalidade do indivíduo. Assim, o rico fresco, solta um peido fresco, estilo Cristiano Ronaldo. Precisa de um lugar só para ele, para, muitas vezes, não fazer nada.
Mas o que mais me deixa impressionado é o peido de quem tem o dom para peidar. É o chamado “peido coringa”. É um cameleão, muda sempre, se adapta a qualquer situação. Quando o dono de um peido coringa está em uma feijoada com pagode no último volume, resolve fazer parte do grupo musical e solta o peido “booom”, semelhante ao surdo utilizado por bandas de samba. Se ele está em um evento apenas com pessoas ricas, numa Daslu da vida, solta o peido fresco do rico, sempre, é claro, no toalete. Quando o ambiente é novo e totalmente desconhecido, solta o peido do introvertido. Assim, ele deixa o seguinte recado: “se mexer comigo, solto mais”. É o crime prefeito.
E você, meu caro produtor de metano, se enquadra em qual tipo de peidante? Não precisa falar, pois quando eu te conhecer, vou saber de cara. Não adianta tentar fingir, porque uma hora ou outra, a verdade sai, ou melhor, o peido sai.

Gabriel Medeiros.

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