domingo, 19 de dezembro de 2010

Queria ser amigo do Lula

Se eu fosse amigo do Lula...

Teria estudado em escola americana
Nunca enfrentado uma fila indiana
E seria um grande compositor
Mesmo com a antiga canção “Diana”

Almoçaria pratos raros
Vestiria ternos caros
Tomaria a melhor birita
E nunca mais teria que comer marmita

Frequentaria as melhores baladas
Promoveria festas com mulheres peladas
E todos dariam risadas
Das minhas terríveis piadas

Para ganhar dinheiro, não precisaria trabalhar
Para ser bonito, nunca precisaria malhar
E seria extremamente popular
Mesmo sem saber o que falar

Faria dupla de ataque com Ronaldo
Seria funcionário público no Planalto
Mesmo baixinho, diriam que sou alto
E qualquer lugar que eu estivesse seria um palco
Ainda que fosse plebeu
Os homens gostariam de ser como eu
E mesmo estan
do falido
As mulheres brigariam para estar comigo

E, no final, mesmo se não estivesse contente
Nunca ter concorrido a nada
Sendo feio e sem dente
Seria eleito o novo Presidente!

Gabriel Medeiros.

A Professora

Ela já apareceu tantas vezes que perdi a conta. Mas hoje, tenho medo que ela volte a aparecer. Será que ela voltará a aparecer tantas outras vezes? Será que aproveitei, aprendi tudo o que poderia aprender nos encontros que tive com ela? Não, isso seria praticamente impossível. Mas de uma coisa eu tenho certeza: ela nunca se esquecerá de mim.
Não sei se ela é um produto da minha consciência, se tem vida própria ou é um perfeito instrumento nas mãos de Deus. Sei apenas que ela existe. Fato notório, incontroverso. Aparece para todos, seja um fanático religioso ou um cético com “C” maiúsculo. Sei que ela pode estar em vários lugares do mundo ao mesmo tempo e ensinando para todas essas pessoas da mesma forma. Com a mesma qualidade. Mas uma lição, para ser proveitosa, não depende apenas do querer ensinar. É preciso querer aprender. Quantos realmente querem aprender com ela? Um encontro, apenas um, não é o suficiente?
Esta Professora não possui um belo rosto para que sintamos uma vontade incontrolável de vê-la novamente. Por outro lado, seu rosto não pode ser considerado feio. Aliás, nem rosto ela tem. Não possui mãos para nos cumprimentar com um aperto de mão ou para acenar como uma forma de gentiliza. Então, como é ela pode existir? Seria tudo isso loucura, idiotice? Está longe de ser! Uma coisa não precisa ter forma, ser tangível para existir. É estranho, eu sei, mas muitas coisas que não podem ser vistas, realmente existem. A Professora é uma delas.

Por qual razão ela está aqui, no meio de nós? Para nos ensinar uma lição. É isso que a Professora faz. Para alguns, ela avisa que está chegando. Para outros, apenas aparece de surpresa. Não se apresenta de forma cordial como manda a etiqueta. Chega batendo sem dó. Ensina pela dor. Inconformismo, revolta e o choro aparecem no dia do resultado da prova. Mas tudo isso permite um crescimento, uma evolução como resultado da lição. É uma questão de amor. Um amor que abre seus olhos e permite mudanças. Mas, mesmo assim, ainda existe um problema. E o problema atende pelo nome de Aluno. O aprendizado, como todos sabem, é facultativo, gerando consequências. Se escolhermos aprender, nossas vidas serão transformadas e não voltaremos a encontrar a temida Professora. Esqueça as futuras lágrimas, inconformismo ou revolta. Mas se escolhermos virar a cara, escutar a lição, ela voltará. É inevitável. E com a volta dela, volta o inconformismo, a revolta e a dor.

A Professora também atende por um nome bem conhecido: Segunda Chance. Não tem forma, rosto, idade, nada que possa ilustrá-la. Mesmo usando de recursos que provocam dor, é sábia e generosa. Sempre ensina algo importante. Se nos recusarmos a aprender, ela voltará. É só uma questão de tempo. Quando encontrar a Professora, procure aprender na primeira vez. A dor é menor. Temos a chance de mudar, aprender, evoluir. Não queira marcar um segundo encontro com ela. Tudo o que você precisa é de apenas uma simples aula. Nada mais.

Gabriel Medeiros.